Alcools de Guillaume Apollinaire
Tiragem azul meia-noite,
1.000 exemplares numerados,
Álcoois, os manuscritos de Apollinaire
Como Guillaume Apollinaire, um jovem na casa dos 30 anos durante a década de 1910, teria elaborado poemas famosos como “A ponte Mirabeau”, “Outono”, “Loreley”, “Zona” ou mesmo “A canção do mal-amado”? A composição de Álcoois, publicado pela Mercure de France em 1913, teria sido fulgurante ou, ao contrário, fruto de um longo amadurecimento intelectual e artístico?
A resposta exata provavelmente se encontra entre essas duas possibilidades. Com efeito, desde sempre, Guillaume Albert Wladimir Alexandre Apollinaire de Kostrowsky, seu nome verdadeiro, rabiscava, tomava notas, escrevia em prosa ou em verso. Nascido em Roma em 1880, tendo começado a escrever por volta de 1897 e depois assinado seus poemas sob o pseudônimo de Guillaume Macabre, ele estava longe de ser um desconhecido no início do século XX e nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial. Evoluía no mundo literário e jornalístico, tendo em seguida escolhido, como pseudônimo, Apollinaire, em homenagem a seu avô materno Apollinaris, que lhe evocava o deus das Artes Apolo. Publicado em revistas literárias, conferencista e crítico de arte, Apollinaire escreveu L’Hérésiarque & Cie em 1910, o qual obteve três votos no Prêmio Goncourt. E não teria ele também publicado, secretamente, em 1907, Onze Mille Verges, um romance pornográfico assinado simplesmente com suas iniciais?
Esta coletânea se baseia em um documento fundamental para a compreensão do impacto de Álcoois na história da poesia e da literatura francesa: o conjunto corrigido de provas de impressão, mantido na Reserva de Livros Raros da Biblioteca Nacional da França. Encadernado por Sonia Delaunay, ele foi em seguida propriedade de Tristan Tzara e, enfim, adquirido em leilão pela BnF em 1989.
É nessas páginas que o poeta em ação vai finalizar sua obra e mudar, no último momento, quase a caminho da impressão, toda a sua pontuação. Apollinaire o faz de maneira simples, mas radical: ele decide excluí-la, para deixar o ritmo se apoiar apenas na musicalidade das palavras. A coletânea, inicialmente intitulada Eau-de-vie [Água ardente], torna-se Álcoois; a ordem dos poemas é alterada, e Apollinaire adiciona a eles, no último minuto, "Zona".
Quinze anos de escrita
Em Apollinaire, tudo, ou quase tudo, é fonte de inspiração. Do amor pela governanta inglesa Annie Playden às suas viagens pela Alemanha, passando pelo tumultuado caso com a bela Marie Laurencin... Álcoois é fruto de 15 anos de trabalho e de uma longa maturação. Já em 1904, ele pensava em reunir poemas trazidos da Alemanha na forma de um livreto que gostaria de intitular Le Vent du Rhin [O vento do Reno]. Mas, sem dúvida influenciado por Marie Laurencin, ele vê além: começa a selecionar seus textos com cuidado, escolhendo entre os mais de 250 poemas escritos entre 1898 e 1913. Guillaume Apollinaire também teria ficado marcado pela leitura de “A prosa do Transiberiano e da pequena Jehanne de France”, de Blaise Cendrars.
Juntamente com o primeiro conjunto de provas de impressão corrigidas, reunimos também fragmentos, manuscritos e, às vezes, textos datilografados e anotados à mão (provavelmente documentos que foram usados para a publicação de certos poemas em revistas, muito antes da constituição de Álcoois). Essa montagem ilustra vários estágios de progresso na composição dos poemas. Mas não se trata de uma coleção exaustiva: alguns manuscritos foram destruídos, perdidos ou são certamente mantidos em coleções particulares.
Além do conjunto de provas corrigidas, os documentos reunidos provêm da Biblioteca Literária Jacques Doucet e de várias coleções da BnF (ver fontes no final do livro).>/p>
Ler os manuscritos: uma caça ao tesouro
Desvendar os esboços e fragmentos de Apollinaire, em certos documentos, é como uma caça ao tesouro que suscita prazeres sem paralelo. E comparar a versão final conhecida de Álcoois com suas versões anteriores diz muito sobre o procedimento do poeta – as interpretações serão deixadas em aberto ou sujeitas à análise especializada. Entre algumas das mudanças, podem-se destacar:
- “Zona” mudou de título; nas provas de impressão corrigidas, intitulava-se “Cri” [Grito]. Na versão final, Apollinaire também excluiu alguns de seus versos;
- “Cortejo” era anteriormente “Brumaire” [Brumário], e encontramos no seu manuscrito um esboço da estrutura da coletânea;
- “O viajante” mudou muito, como atesta o fragmento intitulado “Villes” [Cidades];
- “À Saúde” era anteriormente “À Prisão da Saúde”, e a ordem das suas partes foi alterada;
- No poema “A chave”, são encontrados fragmentos de “O adeus”, “Renana de outono” e “A dama”;
- “Marizibill” era “Marie Sybille”; “ A dama” era “La petite souris” [A ratinha], e assim por diante.
Álcoois, publicado em 1913 pela Mercure de France, é fruto de 15 anos de trabalho e de uma longa maturação: Apollinaire selecionou cuidadosamente seus textos, entre os mais de 250 poemas escritos entre 1898 e 1913.
Uma publicação de referência
Álcoois, uma homenagem à embriaguez simbólica, à intensidade da poesia e à sede de vida, foi impresso em 567 exemplares. A recepção foi mista: Apollinaire surpreendeu e seduziu ao mesmo tempo. Uma “feira da ladra”, segundo Georges Duhamel, que sublinhou a heterogeneidade da coletânea, ou um “milagre ingênuo”, de acordo com André Gide… A publicação foi um marco, e Apollinaire é hoje considerado o precursor, se não o criador, do surrealismo.
Léo Ferré adaptou musicalmente vários poemas de Álcoois: “A ponte Mirabeau”, “Marizibill”, “O adeus”, “Tzigane” [Cigana], “Zona”, “O emigrante de Landor Road”, “A canção do mal-amado”… Ainda hoje, grupos musicais como Feu! Chatterton se inspiram na poesia de Apollinaire – ver “O adeus”.
Prefácio de Philippe Tesson
Philippe Tesson é jornalista, fundador do Quotidien de Paris em 1974, proprietário da editora L’Avant-scene théâtre e diretor do Théâtre de Poche-Montparnasse, em Paris. Neste livro, ele assina um texto apaixonado sobre o ímpeto criativo de Apollinaire e sobre as evoluções poéticas da coletânea Álcoois.
Philippe Tesson é autor de vários livros, como De Gaulle 1er, la révolution manquée (Albin Michel, 1965) ou La Campagne de France (Léo Scheer, 2012).
Editado em grande formato
Foram impressos 1.000 exemplares desta edição azul meia-noite.
Cada caixa é feita à mão.
Avis Clients
Produit tout à fait conforme à mes attentes. Un petit problème de livraison mais non imputable aux éditions de Saints Pères. Pas eu besoin de faire appel au service client.
Facilité d'achat et livraison rapide. Bravo.
Encore une fois, les Editions des Saints Peres nous livrent une oeuvre formidable, travaillée encore et encore par un Guillaume Apollinaire que l'on aurait imaginé moins maniaque ! mais l'oeuvre est sublime et grandiose, la plupart du temps un premier jet de mots justes, touchants, avec toute l'inventivité et la musique de ce très grand poète.
Une émotion brute à découvrir ce travail passionnant.
Un grand merci de nous faire partager cela, toujours avec la même qualité.