The Jungle Book de Rudyard Kipling
Tiragem verde esmeralda,
1.000 exemplares numerados,
O extraordinário manuscrito de O livro da selva, publicado pela primeira vez
É impossível, para quem pensa hoje na obra deste feiticeiro da imaginação que encanta, há mais de 120 anos, todas as gerações e países possíveis, não pensar imediatamente no rosto de Mogli, nas silhuetas de Balu e Baguera, nas colunas em ruínas na selva, na Índia. Além do pilar cultural indiscutível que os contos de O livro da selva se tornaram, as várias adaptações feitas ajudaram a transformar esses personagens e cenários em elementos familiares, íntimos e amistosos.
O manuscrito oferece ao leitor um mergulho profundo na escrita de Rudyard Kipling, além da descoberta de alguns esboços comoventes – principalmente de paisagens e animais – nas margens das páginas.
Siga o seu sonho, uma vez e mais outra, e apenas ele. (Rudyard Kipling - Rewards and Fairies)
Desde criança, o sonho de Rudyard Kipling sempre foi escrever. Na Inglaterra, saudoso da Índia, onde nasceu e passou os primeiros anos de sua vida, aprendeu, durante os estudos, a aperfeiçoar sua escrita. Seu talento precoce não passou despercebido: seus pais – fervorosos e atentos torcedores antes da hora – mandaram imprimir, sem ele saber, Schoolboy Lyrics, uma coletânea de cerca de 20 de seus poemas...
Desde sua infância até sua morte, em 1936, Kipling compôs milhares de versos, centenas de contos, quatro romances, relatos de viagens, ensaios e uma vasta quantidade de artigos, prefácios, discursos... sem falar em sua correspondência. Se alguns documentos foram destruídos, felizmente ainda existem diversos cadernos, manuscritos, correções, livros anotados, provas de impressão corrigidas, rascunhos e desenhos, além de textos às vezes passados a limpo por pessoas próximas a ele.
Um tesouro de manuscrito
No final da década de 1890, já coroado por seus sucessos literários, Rudyard Kipling – acompanhado de sua esposa Caroline –, ciente do valor desses documentos, encaderna e transmite uma série de manuscritos a prestigiadas bibliotecas e universidades. O manuscrito de O livro da selva, legado por Caroline Kipling à Biblioteca Britânica em 1940, após sua morte, é editado, pela primeira vez.
Escrito nos Estados Unidos, em Vermont
Como Kipling começou a escrever as sete histórias que formaram o primeiro Livro da selva? Em 1892, o jovem estava longe de ser um desconhecido. Seu primeiro livro, Plain Tales from the Hills, tinha sido publicado em 1888. Desde The Light That Failed, ele vinha sendo elogiado pela crítica e pelo público, considerado como o novo Charles Dickens. Depois de ter viajado para a África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Japão, ele decide se mudar com Caroline para uma casa em Vermont, onde nasceriam sua filha mais velha, Josephine e... Mogli.
As paisagens, o clima (apesar de bruto) e a simplicidade do dia a dia – intercalados com as visitas de Kipling pai e até de um certo Arthur Conan Doyle –, mas também o livro Nada the Lily, de Rider Haggard, inspirariam o escritor. Em novembro de 1892, ele terminaria “uma história de lobos intitulada ‘Os irmãos de Mogli’”. O conto, sobre um “homenzinho” criado por um clã dos lobos, seria o início de uma série de aventuras emocionantes prolongadas pela criação de outros personagens cult, como o valente mangusto Rikki-Tikki-Tavi, Kotick, a foca branca, ou Kala Nag em “Toomai dos elefantes”.
Contos, poemas e variações
O documento de 173 páginas contém os contos de O livro da selva e de O segundo livro da selva – uma página central traz a inscrição “Outro Livro da selva” para distinguir os dois conjuntos –, além de diversos cantos, como “Darzee Song” ou “The Returning Hunter”.
Os rascunhos de “Parade-Song of the Camp-Animal”, “Rikki-Tikki-Tavi”, “Road Song of the Bandar-Log” ou os versos de abertura de “A foca branca” e “Os irmãos de Mogli” oferecem ao leitor uma imersão instantânea no universo, sem preâmbulos, antes de revelar o conhecido incipit da obra:
Eram sete horas de uma noite muito quente nas colinas Seeonee, quando Pai Lobo acordou de seu descanso diário, coçou-se, bocejou e esticou as patas, uma de cada vez, para espantar o sono até da ponta dos dedos.
O leitor pode acompanhar a narração e os diálogos com facilidade, mesmo que os contos não estejam organizados na ordem das edições de 1894 e 1895. A escrita é regular, segura, cobrindo amplamente as páginas. Se há algumas diferenças nos títulos, e se Kipling reescreve alguns contos (“Quiquern” ou ainda “O ankus du rei”), as variações no entanto são poucas para uma obra de tal densidade. Algumas palavras riscadas, trocadas por outras, indicam a preocupação de Kipling com a precisão e o ritmo. Ele também rabisca instruções para a disposição do texto ou a tipografia, cálculos enigmáticos, listas de títulos riscados e um surpreendente “Urgente”. O conto “Toomai dos elefantes” é, sem dúvida, o que mais traz correções, feitas a lápis vermelho.
Kipling concluiria a escrita dos dois Livros da selva em novembro de 1892 e março de 1895, respectivamente. Em este manuscrito, que, como crianças, gostaríamos que nunca terminasse, são as páginas do inesquecível “Lei da selva” que fecham o documento:
Estas são as Leis da Selva, e muitas existem e alto é seu valor. Mas o princípio e o fim da lei, sua cabeça e sua cauda, é: Obedeça!
96 ilustrações de Maurice de Becque
Os cenários e personagens de O livro da selva são enriquecidos com 96 ilustrações de Maurice de Becque (1878-1938), artista francês também conhecido por ter ilustrado textos de Jack London, Charles Baudelaire ou, ainda, Leconte de Lisle...
Fontes bibliográficas:
- Charles Carrington, Rudyard Kipling. His life and work. Penguin literary biographies, in association with Macmillan, London, 1955.
- Rudyard Kipling, Le Livre de la jungle. Traduction de Louis Fabulet et Robert d'Humières. Illustrations de Roger Reboussin. Delagrave, Paris, 1948.
- Rudyard Kipling, Le Livre de la jungle. Le IIe Livre de la jungle. Illustrations de Maurice de Becque. Éditions du Sagittaire, chez Simon Kra, Paris, 1924.
- Rudyard Kipling, Le Livre de la jungle. Illustrations de J.L. Kipling, W. H. Drake et P. Frenzeny. Macmillan & Co, London, 1894.
- Rudyard Kipling, Mais ceci est une autre histoire. Traduit par Madeleine Vernon et Henry-D. Davray. Avec un essai de bibliographie par les traducteurs. Mercure de France, Paris, 1930.
- Barbara Rosenbaum, Index of English Literary Manuscripts, vol. IV, Part 2. Mansell Publishing, London, 1990.
Editado em grande formato
Foram impressos 1.000 exemplares
desta edição verde esmeralda.
Cada caixa é feita à mão.