Contos de Grimm de Jacob & Wilhelm Grimm
Tiragem verde imperial,
1.000 exemplares numerados,
O manuscrito dos Contos de Grimm
Quase 200 anos nos separam dos Contos de Grimm, coletados e transcritos pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm em 1810, e publicados pela primeira vez em 1812. Esses contos, que nos parecem tão familiares, estão ao mesmo tempo próximos e distantes; são sinônimos da infância, quando nos assustávamos e maravilhávamos com as incríveis histórias ouvidas à noite, antes de dormir, e também ricos em subtextos e símbolos destinados ao público adulto.
Este primeiro manuscrito dos Contos de Grimm, no qual várias caligrafias se confundem, é uma joia, sobrevivente do tempo, e também uma prova das versões sucessivas que transformaram os contos para adaptá-los a um público jovem – pois quase 50 anos separariam este documento da última versão editada pelos irmãos Grimm!
De um projeto que nunca viu a luz do dia a um best-seller mundial
Talentosos para os estudos, Jacob e Wilhelm Grimm ingressaram na Universidade de Marburg em 1802. Um de seus professores, um certo Savigny, que teria importância especial nas suas vidas, os orientou para a história do direito, da Alemanha, de sua língua e de sua literatura. Em 1808, Jacob chegou até a ser bibliotecário, em Kassel, de Jérôme Bonaparte, que tomara o trono por intermédio de seu irmão. E, por meio de Savigny, os irmãos Grimm entraram em contato com Clemens Brentano e Achim von Arnim, dois escritores famosos em busca de textos para completar sua coletânea, Des Knaben Wunderhorn [O chifre mágico da criança].
Assim, três anos depois, em 25 de outubro de 1810, os Grimm lhes enviaram o fruto de sua coleta – em grande parte realizada junto a parentes e pessoas próximas, muitas vezes descendentes de famílias huguenotes da região de Hesse, na Alemanha central, incluindo Dorothea Viehmann –: trata-se do manuscrito que o leitor agora possui em mãos. Esta é, portanto, a versão mais antiga do manuscrito de Kinder- und Hausmärchen [Contos da infância e do lar, conhecidos como Contos de Grimm], já que os irmãos Grimm destruiriam resolutamente os otros escritos, provavelmente para evitar uma comparação entre os manuscritos e a versão impressa. E, ainda que o projeto Brentano-von Arnim não tenha visto a luz do dia, os irmãos Grimm continuaram o trabalho em andamento. Assim, a primeira edição apareceria em 1812, graças a uma cópia de trabalho (também destruída posteriormente).
Clemens Brentano conservaria, sem utilizá-lo, o manuscrito aqui reproduzido, versão original, não editada e diferente da primeira publicação: este documento faria parte, portanto, dos arquivos legados, por ocasião de sua morte em 1842, ao padre Ephrem Van der Meulen, que o transmitiria em 1884 ao Convento Trapista de Oelenberg, na Alsácia. Ele seria colocado à venda no século seguinte e passaria por várias mãos antes de chegar à Fundação Martin Bodmer.
O sucesso dos irmãos Grimm não foi imediato: a jornada literária e narrativa ainda era longa, e foi sobretudo Wilhelm quem “multiplicou as expressões familiares, os refrões versificados, recorrendo cada vez mais à triplicação de episódios e termos. Os contos de Grimm adotam uma sintaxe fácil, com orações curtas justapostas ou ligadas por uma simples conjunção […]. Os Grimm, portanto, se reconectam com o que La Fontaine, Perrault e Galland alcançaram na França de Luís XIV, mas seu ideal de simplicidade e naturalidade era o da boa sociedade e dos escritores de seu tempo.” (Ver prefácio de Jean-Paul Sermain).
Wilhelm e Jacob Grimm, linguistas, filólogos e autores que hoje se tornaram lendários, concluiriam sua coletânea em 1857.
Contos universalmente populares
Ao longo de 45 contos e uma lenda – 25 contos são escritos por Jacob, 14, por Wilhelm, e sete são atribuídos a quatro outros autores –, o leitor ficará fascinado ao encontrar personagens e universos familiares: os de “A Bela Adormecida”, “Branca de Neve”, “O Rei Sapo” ou mesmo “O Anão Saltador” (mais conhecido em inglês como “Rumpelstiltskin”)... Ele também poderá decifrar, em diferentes partes do manuscrito, inscrições em francês, ligando diretamente a obra dos irmãos Grimm à de Charles Perrault (“O Pequeno Polegar”, “As Fadas”), um século antes deles...
Um fac-símile ilustrado com 30 desenhos de Arthur Rackham
Nesta edição, as páginas manuscritas dos irmãos Grimm interagem com as ilustrações icônicas de Arthur Rackham.
Arthur Rackham (1867-1939) foi um dos pioneiros da “pintura de fadas”, gênero pictórico retratando fadas ou cenas de contos de fadas, frequentemente associado à era vitoriana. O desenhista britânico é famoso por suas ilustrações dos contos de Andersen e de Perrault, e ainda de Peter Pan in Kensington Garden. Grandes exposições foram dedicadas a ele em todo o mundo.
Uma coletânea enriquecida com um prefácio do professor Jean-Paul Sermain
“A maioria desses contos contém encantos e maravilhas, e, embora esse gênero represente apenas cerca de um terço do total na edição definitiva (1857), é o mais popular entre o público. Este primeiro manuscrito já nos mostra que os irmãos Grimm têm uma concepção mais ampla do Märchen, uma vez que aproximam esses contos maravilhosos aos contos de fadas franceses, em uma sucessão de histórias com heróis animais, outras com plantas ou objetos, alternadamente parábolas ou fábulas, cômicas ou mais sérias, mas sempre povoadas de aventuras tumultuadas.”
Jean-Paul Sermain é professor da Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Especialista do século XVIII, sua pesquisa se concentra na literatura do século XVIII, na poética do romance e nos contos de fadas. Ele também trabalha com as obras de Marivaux, Prévost e Diderot. É autor de livros de referência, incluindo: Le Conte de fées du classicisme aux lumières (Paris, Desjonquères, 2005); e Les Mille et une nuits entre Orient et Occident (Paris, Desjonquères, 2009).
Um dos manuscritos mais valiosos da Fundação Martin Bodmer
O manuscrito dos Contos de Grimm é conservado pela Fundação Martin Bodmer. Foi adquirido em 1953, junto a Mary A. Benjamin, uma especialista norte-americana de grande renome e às vezes apelidada simplesmente de “The Autograph Lady”.
Desde a sua criação, em 1971, a Fundação Martin Bodmer tem sido um local obrigatório para os amantes da literatura e da bibliofilia. Suas coleções consistem em mais de 150.000 papiros, incunábulos, manuscritos e edições raras, reunindo textos da Mesopotâmia ou do Egito que datam de 3.000 a.C., bem como produções contemporâneas do século XX. A missão da Fundação é capturar a quintessência do pensamento humano através da história de sua criação e de sua transmissão, em todas as épocas e partes do mundo.
Nascido em 1899, Martin Bodmer colecionava obras da “literatura mundial” desde os 15 anos. Como bússola para compor sua coleção, ele seguiu as recomendações visionárias de Goethe, em favor da constituição de bibliotecas “iluminadas”, tolerantes e enriquecidas de Weltliteratur, baseadas no intercâmbio mútuo e no melhor conhecimento da literatura de cada país, das peculiaridades de outros pensamentos nacionais, o que ajudaria a conter a exaltação patriótica favorável aos fanatismos belicistas. Leitor das criações de sua época, Martin Bodmer foi também cofundador, entre outros, de um prêmio e de uma revista literários.
A introdução, o prefácio e a apresentação da Fundação Martin Bodmer estão em francês, alemão e inglês. Agradecimentos: Nicolas Ducimetière et Jacques Berchtold (respectivamente vice-diretor e diretor da Fundação Martin Bodmer); Philippe Mellot; Marc Meier-Maletz; Jean-Paul Sermain.
Editado em grande formato
Foram impressos 1.000 exemplares desta edição verde imperial.
Cada caixa é fabricada à mão.